Olhar



Aquelas pupilas me puxam
conforme as fito
como duas estrelas mortas;
Olhares nunca me foram
assim, tão bonitos
até persistirem na memória.

Na memória exclusivamente
existe e me consome
esse olhar que me entorpece.
Tudo isso seria diferente
não fosse sua fome
que meu respirar impede.

Impeça logo então
meus batimentos enfim.

Não quero continuar senão
para ter um belo fim.

que maldito olhar, esse
que me faz absorto
semi-morto
no inferno de Dante
que são suas pupilas.

seus fitares são instantes
onde posso conhecer
esse coração de argila.

é nele que posso me ver

verdadeiramente preso.

O Espelho Falso, René Magritte


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