o som alto alarma
e apressa o despertar"vamos, acorda
tua hora é essa"
senti meu casulo
dolorosamente descascar
quando vi surgir o novo
e a história virar às avessas
mas nada de explicitamente
imaterial enfim indicaria
o fim deste ciclo angustiante
desses velhos longos dias;
tanto nada poderia mudar
como tudo pode vir a ser
diferente. posso me por a nadar
em novas peças do desvanecer
e tudo pode ser totalidade
como pode ser somente.
pode existir o si sustenido
ou ele pode nunca ter sido;
e tanto pode ser aberta a ferida
como pode fechar-se na lida.
o escritor é antiquadamente
jovial, quando retrata tanta dor
que dor não pode não surgir
e pode ser ou não ser temor
que vai ser transparente
ou vai se exibir;
o que importa
é que a vida lhe seja cordial.
as cutículas podem se tratar
sozinhas ou podem
se eternizar.
e não me serão andorinhas
que vão voar
por um céu de incertezas
que o novo é puramente incerteza
cuja única clareza
é que lhe seja verdadeiramente
incerto. e o som dessa harpa
que é a existência
ecoará pelo mundo e sua essência
se renovará como um credo.
tantas palavras isoladamente
me são inúteis;
mas que compõem lindamente
este mundo e suas nuvens.
e independentemente disto
escrevo sobre coisas boas
muito raramente
dado meu vício expressionista;
é que as coisas boas
devem, principalmente,
ser vividas.
e se um dia eu
já disse o contrário
do que vai ser dito
tome como conveniente mentira:
que é bom ver o mundo
pela janela do sorriso
da criança
e sim, apesar de tudo,
ainda há esperança.
Alegria, 2017 |
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