olhar para trás
onde tudo era
real e perfeito;
é como olhar em
seus olhos, meu bem
que me apertam o peito
me fazem navegar
por planetas vazios
estrelas já mortas
átomos e desvios
das estradas amorfas
de toda a minha vida.
e tanta lida
não bastou
para que amasse
a vida e o que sobra;
é como se o que sou
não bastasse
para viver o agora
e eu precisasse
de algo a mais
que não se conquista
nem se faz capaz
algo que nunca se tem
que não só convém...
algo que fica.
versos que ficam
por vezes
nada significam;
podem ser fragmentos
de memória bem conservados
e aqueles que odeiam o passado
podem não sentir
a infinitude dos momentos
e significar nem sempre
é realmente necessário
podem apenas vivê-lo
tão somente;
e não digo com escárnio
mesmo que seja isso tortura.
que não se vive -- só se atura
quando a culpa
é amiga única.
o passado, carnívoro
como sempre foi
destino; recíproco
porque sempre me pôs
como este infante
estúpido e banal
que não irá entender
quando você me dizer
que não há mais nada.
e realmente não há.
a minha alma se enche
de incertezas, vícios
desespero e angústia.
sufocado como quem espera;
cegada esta minha alma escura
e que não se recupera.
não, não há esperança para mim
não há. só...
olhe para trás.
Culpa, V.F. Daniel |
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