Exercício de assimilação em quatro passos
- Olhe para uma arvore por cerca de um minuto. Lentamente, inicie a ideia de despi-la de toda e qualquer atribuição. O que você contempla nunca foi visto antes, você não conhece essa construção.
- Destaque a arvore da construção de símbolos que a batiza: ''arvore''. O que está a sua frente não é uma ''arvore'', pois arvore não é mais que um simbolo para expressar a ideia de algo, de forma que o interlocutor e o locutor associe esse simbolo com uma construção. As letras são símbolos usados para representar conceitos abstratos, conceito esse que você tenta agora enxergar. Nesse momento, estou fazendo o uso de tal simbolo, porque é a unica maneira que posso expressar a ideia. Mas, você deve esquecer expressões. Arvore é uma palavra, você não está olhando para uma arvore e sim para uma estrutura que foi batizada como tal. O que você contempla não é representável.
- Desconstrua sua arquitetura. É preciso que destrua suas noções prévias de qualquer forma de interpretação estética para que o objetivo seja atingido, a geometria nunca foi aprendida, tal como o conceito de formas. Não existe uma estrutura cilíndrica que você involuntariamente batiza de tronco, as ramificações superiores não são formas mais finas batizadas galhos e você não tem nenhum conhecimento do que prende aquela construção no solo, não há raízes. Deve olhar para uma estrutura que não conseguiria conceber sozinho, como não pode conceber uma nova cor, você está de frente para algo que não poderia ser imaginado. O que você contempla é amorfo.
- Enxergue. O que você vê agora é apenas matéria. Uma construção que ocupa um espaço que não foi determinado, premeditado, ou medido. Não existe um proposito para que aquilo esteja ali, ele está. Na realidade primaria não existe nada que apoie ou aponte para aquilo. É uma construção alheia a qualquer coisa. Aquela construção começa a parecer grotesca, como se gritasse a própria existência. Você começa a perceber o sentido escapando, o mundo fugindo de seu controle, um lugar agora sem significados e seu instinto é tentar mudar isso. Mas, não importa quantas atribuições são concedidas, a matéria não mudará. Continua não sendo realmente algo. Essa é a essência da existência, nua de qualquer fantasia. Você vê a existência pela primeira vez. O que você contempla ?
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