Lixo

Seu sorriso pra mim foi uma espécie de concavidade. Depois se tornou inexorável em minha vida.
Eu havia caído nesta concavidade. Eu esqueci dos problemas. Os problemas ressurgiram.
Pelo menos eu pude encontrar vida nesta concavidade. Pelo menos encontrei um amigo
você.
Eu fiquei chateado e algo de mim agiu no meu lugar. Queria socar. Queria chutar.
Esfaquear.
Ela bateu em você. Mas e daí? Se tudo isto é culpa minha. Se tudo isto foi causa de uma
constrangedora, ordinária e imaginária traição.
Não há razão. Assim, quando digo para os outros que não controlo isto, acham que é blasfêmia.
Não sabem como funciona o tal do amor. Talvez nem eu saiba.
Não sei se sou capaz de sentir algo tão puro... Nestes últimos dias, isso se torna muio improvável.
Se eu sou capaz
se você é capaz
se ela é capaz
se todos são capazes
se alguém, algum dia, foi capaz.
Fui devidamente escolhido para habitar esta concavidade.
Neste buraco é onde eu habito.
Pois tenho medo de morrer; isso é humano. Tenho medo de ser destruído.
Substituído. Louco.
É nesta concavidade que noto que eu sou um tolo. Que eu sou lixo.
O lixo
que perturba o seu caminho e atrai as mais detestáveis pragas, pestes e moléstias.
Sobretudo, que fede. Mas também serve de alimento aos estranhos. É o que sobra de toda
intolerância humana.
Este sou eu.
Eu sou só lixo.
EU SOU SÓ ESMO.
EU SOU SÓ EU MESMO.

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