Espero
que me tragam aquilo que me mate
— que é aquilo que querem que eu seja —
porque não há mais nada com o que eu me importe
porque não há mais nada de novo para que eu veja
e mesmo se houvesse, eu diria
que não quero.
Me deem algo de forte e verdadeira perseverança
que, como tudo até então
não subjugue e expulse minhas ânsias
que não surte ou se esvaia em explosão
que não há nada em minha alma que não esteja
prestes a explodir
e não há na sala nada de verdadeiramente real
que nenhuma voz pode me atingir
que nenhum corpo está próximo de mim
e em meditação, tão profunda meditação
encontro memórias, tão irreais e absurdas memórias
que nada poderiam ser senão as desesperadas ânsias pelo passado
nada senão vãs e negligenciadas lamentações.
Não me deixem entrar nessa sala, não
nada de real nela habita
se é que não é real a repetição
a euforia, os sentidos
se é que não me é mais real o ódio ardente que sinto.
Pois é mister que para sobreviver
— para escrever e a tudo exprimir —
eu tenha que odiar a todos
e em minha verdadeira misantropia, desse meio
eu possa a todos amar, nesse ódio carente que sinto.
Por consequência disso, espero que não me matem
mas que não me devolvam a liberdade
e que senão por ela, por que hei de viver?
(livre do quê, por quê e para quê?)
Se em todos (essa abstrata totalidade) eu projeto
meus desejos, minhas relações e meus sonhos
eu me submeto a tantas mais decepções
a tantas cruéis insatisfações
que vão me tomar como um tolo
que vão me ver fraquejando
e que vão rir de mim.
E que vão me dizer que sou um misantropo
por não aceitar ninguém. E que digam
que sou claustrofóbico, por viver assim
tão fechado e isolado. E que digam
que a realidade não se resume a isso:
sofrer para poder sorrir;
machucar para poder se curar
e ser esquecido para que seja aceito.
Sendo assim desejo, sinceramente, que me esqueçam;
no vazio do esquecimento, não existe sentir nem sofrer
apenas torpor; nem o falecer, tampouco o não-ser
mas numa vida repleta, lotada do mais variado tipo de gente
há afeto, aconchego e desilusão
e isso é pior.
Todos não são nada; todos são ninguém
senão pelo meu amor a eles, todos seriam tudo
e isso é pior.
que, como tudo até então
não subjugue e expulse minhas ânsias
que não surte ou se esvaia em explosão
que não há nada em minha alma que não esteja
prestes a explodir
e não há na sala nada de verdadeiramente real
que nenhuma voz pode me atingir
que nenhum corpo está próximo de mim
e em meditação, tão profunda meditação
encontro memórias, tão irreais e absurdas memórias
que nada poderiam ser senão as desesperadas ânsias pelo passado
nada senão vãs e negligenciadas lamentações.
Não me deixem entrar nessa sala, não
nada de real nela habita
se é que não é real a repetição
a euforia, os sentidos
se é que não me é mais real o ódio ardente que sinto.
Pois é mister que para sobreviver
— para escrever e a tudo exprimir —
eu tenha que odiar a todos
e em minha verdadeira misantropia, desse meio
eu possa a todos amar, nesse ódio carente que sinto.
Por consequência disso, espero que não me matem
mas que não me devolvam a liberdade
e que senão por ela, por que hei de viver?
(livre do quê, por quê e para quê?)
Se em todos (essa abstrata totalidade) eu projeto
meus desejos, minhas relações e meus sonhos
eu me submeto a tantas mais decepções
a tantas cruéis insatisfações
que vão me tomar como um tolo
que vão me ver fraquejando
e que vão rir de mim.
E que vão me dizer que sou um misantropo
por não aceitar ninguém. E que digam
que sou claustrofóbico, por viver assim
tão fechado e isolado. E que digam
que a realidade não se resume a isso:
sofrer para poder sorrir;
machucar para poder se curar
e ser esquecido para que seja aceito.
Sendo assim desejo, sinceramente, que me esqueçam;
no vazio do esquecimento, não existe sentir nem sofrer
apenas torpor; nem o falecer, tampouco o não-ser
mas numa vida repleta, lotada do mais variado tipo de gente
há afeto, aconchego e desilusão
e isso é pior.
Todos não são nada; todos são ninguém
senão pelo meu amor a eles, todos seriam tudo
e isso é pior.
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