I.D.K
É uma dor de cabeça, de tal forma que eu nem deveria estar escrevendo nada.
Dor de cabeça, de tal forma que eu sei que não vou conseguir organizar esta minha mente.
Com olhos enfiados num saco imundo, é preferível minha noção distorcida de realidade.
Genialidade. A noção mais próxima dos loucos.
O saco é imundo mas confortável.
Com a cara enfiada num saco imundo, é preferível minha noção distorcida de realidade à esse mundo fétido que sou obrigado a encarar todas as manhãs.
Tic-toc-tic-toc-tic-toc.
Eu quero fazer sexo com um homem.
Eu quero fazer sexo escondido.
Quero fazer sexo em público.
Quero uma letra bonita.
Ser amado faz você se sentir humano. Amar faz de você um escravo imbecil.
Não deveria estar falando nada disso, não sei nada sobre a humanidade.
Entrelaço meus dedos, não vejo nada mais que dedos magros, compridos e finos, formando uma concha.
Não vejo nada mais que dedos doloridos e unhas encravadas.
Tic-toc-tic-toc-tic-toc.
Eu sou o relógio:
morra.
Eu quero dormir.
Eu quero renascer.
Eu quero rir.
Eu quero viver.
Eu quero ser amado.
Gritos de crianças estupram meus tímpanos.
Cheiro de diesel queimado, minhas narinas.
O toque impossível da pessoa amada, minha pele.
Estou cego.
Intacto.
Surdo.
Compassivo.
Ideológico.
Apologias. Tudo inútil, assim, desse jeito.
Eu quero fazer sexo.
Mas eu preciso terminar projetos.
O espelho abre alas para minha distorcida realidade: caracóis que são meus cabelos. Concavidades tenebrosas que são minhas pupilas. Existência, que são minhas íris. Um território quase tão vermelho quanto sangue... globos oculares.
Comando, é o que você chama de voz.
Obediência, é o que você chama de existência.
Eu sou seu abajur:
morra.
Há algo de errado com minha psicologia. Há algo dentro desta minha letargia.
Louco.
Pirado.
Satânico.
Medonho.
Sou tua calça:
morra.
O texto é cada vez maior. A dor de cabeça aumenta.
Sou teu ventilador:
morra.
Você me dá a mão e mostra, derradeiramente, quem eu sou. Bane o medo de pronto. Enche minha alma de torpor.
Você não existe.
Eu sou sua cama:
morra.
Eu sou seus pais:
morra.
Eu não deveria estar aqui, assim, com essa minha voz, esse cheiro, essa minha vida.
É apenas o torpor. É apenas a infelicidade e a sensação de estar fazendo algo errado, de estar fazendo algo incompleto. Uma criança fica do meu lado e eu pergunto. O que você quer?
Ela ergue os ombros: eu não sei.
A criança que é minha alma. Por favor, pegue minha mão espiritual e diga o que é que vai ser. Me mostre o que é que está me incomodando. Essa minha sede
é sede, sede, sede sede sede sede sede sede sede.
Acabe com esse meu desejo ansiado de café.
CA
FÉ.
Conserte o brinquedo da criança.
OH MEU DEUS!
Eu não sei.
Hoje eu fui ao cinema.
Não vi nada demais além de loopings e mais loopings.
Largue esse RPG. Largue essas almas. Largue esses amigos.
Oh, me foda.
Eu estou com muita dor de cabeça.
Isso aqui não deveria existir.
Me desculpe.
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