De pernas bambas
eis que estou perante uma porta
capaz de ser encontrada no fim dum corredor
fora isso, câncer e dengo. Fora isso nada importa.
Chão de vitrais
universo de luzes e cadáveres
estrelas que agem como tais
pendendo de um corredor, vitrais como seres
cacos de vidros como cristais
se é que dá para entender
se é que é possível saber
mas estou de pé
acima
de sorrisos cômicos
de sentimentos ordinários
antes deles, a histeria
diretamente para os ovários.
Subaudível perseguidor
vácuo em meu coração
HIV, AIDS, herpes
crustáceos e vermes
meu coração circundado
por energias etéreas
me habitam, entre tudo
as demais moléstias.
Abrirei a porta, mas será que posso sair?
Ei, amigos, podem sentir?
Ei, Bruna, pode me ouvir?
Meus dedos longos envolvem
a superfície da maçaneta de ouro
maciço e gelado
assim como a sabedoria:
sempre estive errado.
Como um brilho súbito na escuridão
aparentemente inacabável
algo explode dentro de mim;
um susto
os vitrais se quebram. Estou caindo em direção ao fim.
Apenas neste momento
recebo o chulo conhecimento:
sou igual à todos
que são incapazes de escapar
e você
então
ainda pode me amar?
CONVERSATION
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário