Máscara
que eu lhes devolvo vislumbres
disfarçados de real significância
para o local onde a alma sofre curtumes
e é exposta a golpes de desesperança
lançando sangue no firmamento.
Para que não seja descoberta
minha insistência na sedutora
cruel, venenosa, solícita
ilusão — daquilo que serei ou que já fora
e antes fosse crua e explícita
não seria requisitada por tanta gente soberba.
Mas que importa? Se o prazer me mantém
de pé, andando nessa estrada oblíqua
desvirtuosa e vulgar, a que chamamos de vida
não me serve essa verdade iníqua
e não me importa se proibida
pois só se teme o que não se tem.
É por isso que nessa insolência divina
como um testemunho inocente, eu me mantenho
como se vestisse estampa mais fina
e não fosse como as pessoas que tanto desdenho;
e banhado no café já derramado dessa xícara
é como se me corroessem, assim, tantos segredos
assim que eu sigo, então, banhado ao medo
de arrancar da minha carne essa máscara.
Mangue, Lasar Segall |
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