Reduz-se homem ao menino que é.

E se viu em todo tédio, recôncavo-bolha que chama quarto, deita, reflete:

"A iniquidade escorre em veias, me salta das feridas abertas de meu coração;
não sobra em mim saída, por que anseio então? Se me fartam erros que me perseguem,
se me falta o afeto que tanto me é caro, se me vejo fora do abrigo, a quem então recorro?"

Senta, abre as mãos. E em todas as fragilidades expostas, é de encontro ao peito que se abraça, que se aperta em necessidade. Em sanidade aflige, porque algo lhe diz que é "a quem" se recorre, e não "ao quê". Do que destila saliva há um amargo, fraqueza líquida, punge enfim, da boca, berra, se afasta de si em sonoro tom, se afasta de mim em retumbante voz.

Sorri ligeiro, em pressa.
Sorriso ameno, aí, lá vai, tropeça.
Lhe falta, lhe aperta, lhe esvai

Corre, caduca, cai.

Cai.

E fica, força, faça então
Faz o que lhe deve fazer, quando estiver à fazer
Não reclama, rela, traz
Pra si mesmo, que a bunda dela é pra
Partir, parir, penetrar
Quem tá afim dela, você? Não, tu não faz
O que te deve fazer, quando estiver à fazer
Não faz.



Teu sexo tosco te contradiz, aí no recôncavo-esfera que chama quarto, se esconde, reflexo:

"Eis que desafio maior de mim se esbanja em poder atrás em justa peleja. Me foge toda agilidade ao golpe desviar; me foge a vontade de forçoso arbítrio aplicar! Não há porquê decidir se não há condição de agir! Não há em mim força que me force fazer o que à força costumam fazer!"

E lhe recorrem em risos, te acusam o sexo oposto
Escárnio, escárnio, escárnio
E a mulher que se entristece, muda, se põe a rir em risos neuróticos
Da profilaxia caótica que é essa vida marfim

Senta, abre os olhos, foge de si na cama a que devia retornar ao descanso. Lembra da iniquidade que lhe escorre veias, que punge e salta as feridas. E a vida? Ah! Que dela se traz, não se ouve mais dela, em prazer: "Ah, salve o homem a força!". Dela um lamento, "Salve tu tua ruína, pois tua história, lamento, sua mensagem, socorro, teu sexo, paródia, tua vida, mistério."

E abre a porta, fura bolha, chuta esfera, salta dali. E proclama:

"Reduz-se homem ao menino que é.
Explode, menino! À mulher do porvir!"

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