As paredes estão repletas de imagens indistinguíveis, retângulos acinzentados repletos do que parece ser estática tomam todo o ambiente, em uma poluição visual similar a de um grande centro urbano. Não existem janelas. O quarto é parcialmente iluminado por uma luz amarela que vem do teto, onde não existe nada além de formas indiscerníveis pichadas com spray preto. Em um dos cantos vejo uma mesa de madeira, repleta de sulcos, sustentando cadernos espirais. Todo o ambiente parece não físico, mas idealizado, transcendental de alguma forma, a personificação de algo maior do que o material.
Sei que existe algo me seguindo e que chegará logo. Caminho até a mesa e as imagens nas paredes começam a se mover, gerando um zumbido baixo. Abro um dos caderno e pego uma caneta de plástico, parcialmente destruída pelo que aparentam ser mordidas. Estou extremamente calmo, mas sinto que minha pele convulsiona, se move e ondula, em espasmos involuntários. Rabisco algo que não consigo ler, em letras garrafais. Largo o caderno aberto ali, naquela pagina. Me viro, observando as duas grossas cordas no meio do quarto, a poucos centímetros de distancia uma da outra. Em suas extremidades, existe um laço, com espaço o suficiente para minha cabeça. Toda a estática presente nas imagens começam a fluir para um só ponto, em direção ao centro da sala, em direção as cordas. Toda a realidade ondula, convergindo em direção a elas pacientemente. Sorri.
Meu ponto
corpo um
pende de
inerte
quente A
pescoço outro
meu enquanto
em sinto
abraço o
Vejo outro
a quando
ponta e
dos pés
meus
sentindo Corpo
êxtase colide
em contra
entro o
meu
O
atrito
de carne
nossas a
peles anexadas
agora
A cutânea
praga superfície
se pela
espalhando
Em
ternos meus
e sonhos
pútridos nossos
corpos
Quando daqui
minha fora
mente inexistentes
afoga olhos
em
E
ti o
para mundo
ondular começa
a
Nasce
a inexisto
certeza que
de
personifique
rasgue
liberte
realize
cresça
morra morra
morra morra
morra morra
morra
para o sonho.
A arte é o aparte do à parte.
ResponderExcluirGK