Falta

Sua existência é um fantasma
Que grita no quarto, onde só eu existo para escutar.
Você possui a solitude e transforma em solidão .
Sua ausência tão óbvia, uma fenda no espaço.
Não se abandona desconhecidos.

Abandonado.
Palavra que sempre me soou infantil.
Adjetivo de sujeito frágil, desamparado, que não consegue aceitar a verdade anexada a morte: estamos sozinhos. Abandonado é impotente de conviver consigo mesmo

Não me lembro de ter sentido isso antes,
essa falta tão solida e ao mesmo tempo tão personificada.
Uma falta que tem rosto e voz, mesmo que de cubos empilhados.
Me lembro de sentir falta de sentimentos, que são consequências da ausência do gerador do mesmo. Só sentia essa falta porque esse sentimento interferia em mim.
Agora sinto falta de todos os elementos que formavam um conjunto: atitudes, falas.
Sinto sua falta.

Mas, ironicamente, depois de eu gritar aos céus sobre inexistência,
uma parte de você literalmente não existe mais.
Mesmo sem essa parte ainda te reconheço e não posso pedir o mesmo de você.


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