Desconfortavelmente Entorpecido

Minhas lágrimas pendem insólitas
em minhas pálpebras
Me sinto nu diante dessa multidão
me superestimo
Eu sei que irei continuar sonhando acordado
ela não irá voltar
A tinta sai de meu rosto
não significa que irei rir
O que estamos fazendo com nós mesmos?
o véu intenso de amargura não deixa nada a encobrir.

A imortalidade para quem obtém a cura
seria essa a beldade superior?
Eu me contento em liberar tudo que está me destruindo
eu não sinto absolutamente nada, arremessado a esmo
como se um pedaço de meu cérebro fosse arrancado
junto a um pedaço de mim mesmo

Meus nervos vagam numa inércia psicopatológica
seria essa a razão de tudo isso?
Os meus olhos são a entrada para um lugar que um dia fora meu
e quem disse que estou proposto a explicar a razão?
Vivendo numa letargia, deixar os sorrisos cobrirem a amargura
já tão encoberta.


Eu não sinto nada
eu não me lembro de nada
eu não sinto sequer minha respiração
os meus braços pendem, sem onde segurar
estou dentro de uma infecção
de um pedaço de rancor
cuspido de minha fétida imaginação.

Alérgico aos sentimentos abrangidos
numa obra de Dalí
tão sempre sem sentido
minha língua pulando para fora de mim
os patos continuam indo para o sul
e o mundo continua girando
os meus olhos frenéticos, agora sem pupilas
o que há dentro de mim além de entranhas congeladas?
além da ausência do sentimento
estou desproporcional
e quando isso tinha que fazer sentido?
estou desconfortavelmente entorpecido.

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