O Amanhã Que Nos Assusta é o Hoje Que Não Conseguimos Suportar.




Algo é insistentemente justificado;
Nos é apresentada - nunca dispensada - a velha dicotomia platônica:
A realidade que nos pertence é repartida em dois estágios, devaneio e delírio.
Algo é insistentemente reafirmado;
É quase palpável - nunca plenamente alcançável - a velha situação de desinteresse disfarçado
A negligência, tratada como ignorância, hábito.
Algo é, simplesmente, e até irritantemente, repetitivo;
Não é necessariamente visível, mas é bem claro - nunca tão claro - essa tal verdade absoluta.
A esperança deixou de ser pautada em qualquer coisa. Não há necessidade de propósito.


Todo o mundo sabe que vai morrer.


Então, por que você chora?
A vida não deixou de ser interessante?
Então por que você chora?

Eu não sei se existe algum valor.

Então por que você chora?
A vida não deixou de ser a mesma?
Então por que você chora?

Eu não sei se existe algum sentido.

Então por que você chora?
A vida já deixou de te explicar tudo?
Então por que você chora?


Existem tantas coisas a se tentar.
Algo já foi escolhido; alguém.
Algo já foi almejado; alguém.
Algo já foi desejado; alguém.

Alguém já foi doado; algo
Alguém já foi rejeitado; algo
Alguém já foi represado; algo.
Não existe mais nada a se tentar.



Casas são abandonadas e saqueadas.
Pessoas são roubadas e estupradas.
E ao fundo, aquela mesma música.
Você já viu isso. Já escutou, não é?

Então por que você chora?
A vida já não lhe deixou?
Então por que você chora?

Alguém poderia me dizer o que fazer.

Então por que você chora?
A vida já não lhe contou que não vale a pena discutir?
Então por que você chora?

Eu ainda poderia fazer alguma coisa.

Então por que você chora?
A vida já não te acusou?
Então por que você chora?


Ninguém aprendeu nada
Só que vamos morrer.
Todos nós.
E, ainda sim, não vivemos.
Deixamos.

Deixamos..
Tudo.

Deixamos...
Tudo.

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