Boiei em meio a minha ausência.
Fora de mim, andei, só assim puro, aberto ao mundo.
Observo todos eles por tempo demais
tenho a impressão de analisar os costumes de outra especie
rituais de acasalamento, vocalizações, linguagens subjetivas.
Costumes que me submeto diariamente, que deveriam me compor.
Minha inserção dentro deles é irreal, artificial.
Não sou superior a eles
Não sou igual a eles
Não sou inferior a eles
Não sou
Eles são.

Antes era o nada como um conceito sólido,
a agorafobia de um campo deserto,
que crescia,
engolia os órgãos,
quebrava os ossos,
rasgava a carne,
gerava mais espaço vazio,
até que o interior se tornava maior que o exterior.
Minha essência atingia um tamanho tão pequeno diante da imensidão
a ponto de se tornar uma existência irrelevante, dentro de mim mesmo.

Agora é a ausência, não um vazio real e crescente,
mas a propiá não existência, vinda da falta de algo.
Quando acende-se uma vela e a move bruscamente,
a chama dela se desintegra no ar,
se extingue.
Habito junto com a chama de todas as velas.

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