Não Sobrou mais Nada


Você sumiu. Podia ter deixado algumas cartas - algo para que eu possa olhar e suspirar. Sentir o aroma. Ou imaginá-lo.
Um perfil no Facebook.
Uma mensagem.
Uma imagem - qualquer coisa. Mas não sobrou nada.

Minha insatisfação é abstrata, entretanto, preenchida com toda essa interação humana. Que, na verdade, eu não domino com êxito: pessoalmente, sou uma aflição social.
Eu devia ser mais calmo.
Mas me deixe guardar isso tudo numa débil e infantil pergunta: por que você foi embora?
Eu tinha um trabalho pra fazer aqui. Sim, aqui, mas até isso eu esqueci - tinha mais coisas pra me preocupar. A boa e velha interação humana. Social. É, toda essa merda.
Sem isso, só sobra... isso aqui.
O executor de ideias.

Eu devia ser mais calmo.
Eu tenho essa certeza porque eu quebrei uma parte do meu computador. A superfície que posso puxar e recolher feito uma gaveta, agora é debilmente inclinada para cima. Lindo.
Alguns copos eu joguei... É, parece uma novela.
E que anedota! Eu nem sequer tenho esses escrúpulos de cuidar.
De coisas... E de pessoas também.
Você sumiu. Podia ter deixado algo... mas não sobrou nada.

Eu coloquei aqui, um tal de Askkar, embora não saiba quase nada sobre ele. Ele pelo menos satisfaz a parte do executor que eu deixei para a trás. A parte que eu não consigo mais satisfazer.
Não que eu vá desistir... Eu ainda tenho muitas coisas pra registrar.
Eu só estou em detrimento.

Eu devia ser mais calmo, é, essa é minha única certeza.
Um perfil do facebook, nem isso sobrou de você, ora.
Askkar... Que merda de nome é esse?

Eu lembro que você disse para eu te bloquear.
Lembro que disse que era melhor eu me afastar de você. Você achava que não valia a pena.
Eu não tenho a certeza, mas não é isso que eu quero.
Permanecer confuso... Emancipado.

Enquanto recolho os retalhos do papel que era minha sobriedade.

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