Heroína

Pois saiba que agora eu tenho nojo
um nojo que creio eu: surgiu junto a você
Nojo da maneira que me olhava
quando eu desmascarava as mentiras da TV.

Nojo quando eu entrava em seu carro
acendia um cigarro, esperava o mundo desabar
dizia a mim que o mundo é grande
que eu não saia do meu quarto e tinha que me libertar.

Em minha mão eu tinha um lápis
me sentia pouco inútil por saber manuseá-lo
E eu via do lado de fora
meu Eu padecendo diante dum maço de cigarro



Mas havia outro devaneio
me esperava no recreio e pisava no meu lanche
Chutava o meu corpo e eu chorava
dizia a mim mesmo para não seguir a diante

Arrastava-me para a porta dos fundos
ameaçava cortar meu ser
Cheirava aquele pó horrível
aos poucos eu perdia a vontade de viver

Não me cansei de ver o sol se por aquele ano
sua tardia luz queimando minhas feridas
lamentando-me, no entanto
sequer pensava na saída.

- Pois bem! Olhe para mim! Eu pareço bem? Para onde tenho que ir?!
- É incerto... - relutante, eu respondi.

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