Mentiras [V]

Dê-me um choque, pois ainda não aceitei
De me ajoelhar para esse archote, seguir esta lei
De mentir a mim mesmo, segui absorto
De me enganar a cada instante, fui morto.

Hipócrita; pois sabia o tempo todo o que me ocorria
Previsível; pois sabia o tempo todo o que de fato havia
Havia um céu de cinzas, céu de riscos e chão de mares
Um véu de palavras, mares de morros, morros de altares.

E finalmente amadureci, me tornando mais humano
Rasguei a infância, vesti a casca de um completo estranho
Observei um horizonte destruído, debruçado nos muros da vida.

E atravessei as pontes do pecado, me tornando demasiado humano
Reergui a ânsia, nadando nas lascas do meu próprio crânio
Olhei os arredores destruídos — comigo imerso em minhas mentiras!


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